Ontem eu vi aqui pelo instagram que a atriz e apresentadora Betty Lago morreu por conta de um câncer. Olha, sendo bem sincera, não acompanhei o trabalho dela. Mas vi que ela enfrentou a doença e não escondeu, se expôs até o final nas redes sociais. Muita gente vai achar isso um exagero, mas eu vejo como válido. E peço licença para me expor também através do meu blog, do meu espaço. Não quero que ninguém tenha dó, mas que captem a mensagem.
Quem me acompanha reparou que eu sumi das redes sociais. Tô usando muito o snapchat que dura 24 o video de 10 segundos, lá eu exponho minhas ideias, compartilho minhas alegrias e ultimamente minhas angustias e revoltas. Da minha vida, dos meus amigos e conhecidos, do país. Nunca fui muito de facebook, sendo bem sincera, não sei usar, é tipo orkut não? Gostava muito do Instagram até ele se tornar em um grande espaço de exibição da felicidade instantânea. Ai fui para o Pinterest e criei um mundo imaginário das coisas que queria fazer e ter. Redes que alimentam a fantasia e engordam a ansiedade e frustração. Whatsapp te monitora: sabem quando estou online, quando recebi a mensagem, se vi e que horas. Sufocante. E qual a rede social do ser?
Confesso que estou triste. Que choro diariamente e que está difícil levantar da cama. Também estou em um grau de irritação fora do normal. Tenho crises, quero muito doce alguns dias e perco a fome com facilidade. Me sinto sufocada, impotente e frágil. Com isso, faço o que é minha obrigação e saio com poucos amigos, ai bebo bastante para chegar em casa e dormir. Quando não bebo eu tomo remédios para apagar. Tô percebendo que raros são aqueles que aguentam a minha chorança, quando me escutam apresentam soluções super simples e ou fogem. Espero que lembrem disso quando me procurarem com seus problemas e se esqueçam que eu existo, por favor.
(ultima foto postada por Betty Lago antes de morrer, duas semanas atrás)
Já contei a minha trajetória profissional aqui no blog. Não tem como separar a vida pessoal, equilíbrio é muito difícil. Eu me dediquei muito a vida pessoal e tô correndo atrás do profissional mas tô tentando carregar meus sonhos pessoais comigo. Profissionalmente me sinto um fracasso apesar de ter aprendido muito. Esta é a verdade. No pessoal eu também fiz muita cagada, me anulei. Mas em ambos a culpa é minha.
Ai este ano eu resolvi me dedicar a vida profissional, mudei um pouco os planos até mesmo para não me frustar demais. Metas altas são facilmente frustantes. Já no pessoal, me voltei aos amigos e que tomaria mais cuidado com as paixões, seria mais cuidadosa com meu coração. Conheci muitos caras, confesso que a grande maioria queria transar mesmo. Tá, eu transei e não nego, até mesmo porque não vejo nada contra. Só penso que nesta altura do campeonato certos papos são dispensáveis, me irrita os caras pagarem de românticos e não responderem no dia seguinte a mensagem de bom dia no whatsapp.
Conheci alguns caras super bacanas, mas dois se destacaram. O primeiro veio no final de janeiro e me ajudou a superar o meu relacionamento anterior, ele não queria nada sério (tinha seus motivos e eu achei muito válido) e deixou bem claro isso, mas nem por isso me tratou como um pedaço de carne. O outro veio de outra cidade para trabalhar aqui, inicialmente era para ser uma amizade, ele gostava de BH e queria sossegar em um lugar, ficou fora por anos por conta da profissão. As coisas evoluíram para um envolvimento mais íntimo aos poucos, com cuidado, vontade e respeito por parte dele.
Desde o início este cara se mostrou bem aberto, compartilhava a vida dele e conversávamos bastante, pois ele quase não ficava em BH por conta do trabalho. Para mim era meio impossível manter um relacionamento a distância e eu comecei a repensar isso se a situação fosse temporária. O fantasma da traição da relação anterior saiu sem que eu percebesse, ele se mostrou bastante confiável pelos atos, conversas, ah, longas conversas. Encontramos pouco mas nos falávamos todos os dias.
(& é o infinito quebrado, aponta que nada é para sempre mas sempre há uma nova possibilidade, “e” . Fiz uma tatuagem deste simbolo ano passado)
Me apaixonei aos poucos como imaginei ser o saudável. Era uma sintonia incomum, uma harmonia, uma paz bastante alegre. Escutar o sotaque das mensagens de voz, ver aquele sorriso e entender pelo olhar miúdo que nossos sonhos eram bastante parecidos. Além de admira-lo profissionalmente, fez coisas que eu talvez não faria e tem uma sensibilidade com o outro que é tão raro.
Como disse, a vida dele aqui não foi muito tranquila. Ele me contava tudo. Ai vieram problemas de saúde, dificuldades de relacionamento no trabalho, um curso mal sucedido e um assalto com agressão física, isso em menos dois meses. Ele é realmente muito bom no que faz e esforçado, mas não adianta muito quando existem interesses mais fortes e a falta de compreensão de que se trata de uma pessoa que tem uma vida, não é só trabalho.
Foi tanto desrespeito, ele tentou um acordo mas no final pediu demissão, saiu com uma mão na frente e outra atrás de um lugar que tanto se dedicou. É decepcionante. Ai você junta uma suspeita de câncer ai, o trauma de um assalto… Em quatro meses eu vi um homem lindo, jovem e cheio de sonhos se perder em um mar de decepções. Está bebendo também… Ele se fechou, está angustiado e confuso, custo a ter notícias dele. Queria ajudar de alguma forma, pelo menos escutando, mas acredito que ele precisa de um momento para ele.
Estou preocupada e isso está me deixando triste pois não sei até quando isso vai durar, se eu vou conseguir aguentar. Sinto que há algo muito forte que me impede de desistir e me trairia se saísse fora, não gostaria que fizesse isso comigo. Talvez seja esta sintonia, ele sofrendo de lá e eu daqui. Sim, eu questiono a vontade de Deus (sou católica) e perguntei por que várias vezes. Dizem que Deus não dá um fardo maior do que você pode carregar, mas precisava de jogar tudo de uma vez?
Nisso eu tô reavaliando a minha vida. As coisas se tornam a cada dia mais simples, tô tentando lidar melhor com a minha ansiedade e frustrações, sendo mais compreensiva com os meus próximos, julgando cada vez menos, me colocando no lugar do outro e me concentrando no que realmente vale a pena. Já tem tempo que isso tá acontecendo, mas confesso que este tempo de sofrimento tá me colocando para pensar mais nisso. Aquela história da mudança… Quando eu acho que tô bem e pronta, no caminho certo, vem coisas para me fazer pensar e aperfeiçoar.
Não sei o que vai acontecer. Gostaria que esta tormenta passasse logo. Queria este moço ao meu lado para termos uma vida juntos e só, sem muitas complicações. Uma casa com horta e cachorro, andar de bicicleta aos finais de semana, filhos. Tempo para conversar como foi o dia, dar e receber colo quando necessário. Ver o por do sol e só. Porque depois de um certo tempo as coisas se tornam tão simples que até assusta. Mas nem sempre o simples é fácil.
Desculpe-me o texto longo. Mas foi necessário. E se ainda estiverem dispostos, leiam a carta de adeus do Oliver Sacks aqui, um dos textos que eu acredito que todo mundo deveria ler.
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